"O que diferencia «uma mudança reformista» de «uma mudança não reformista» num regime político, é que no primeiro caso o poder continua fundamentalmente nas mãos da antiga classe dominante e que no segundo o poder passa das mãos dessa classe para uma nova."

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

O Vendedor de malas.

O DN deu a notícia: Gorbachev, o último presidente da ex-União Soviética vai participar na campanha de publicidade de promoção de uma famosa marca de malas. O papel que lhe está destinado, diz a notícia, é o de se sentar «no banco de trás de um táxi contemplando com ar pensativo as ruas por onde segue o veículo, tendo a seu lado uma típica mala» da marca publicitada. É provável que o anúncio entre em casa de milhões de telespectadores lá para o último trimestre – talvez para coincidir com o 90º aniversário da Revolução de Outubro...Nada disto surpreende: não é a primeira vez, e certamente não será a última, que Gorbachev vende o seu nome e os seus actos, embora o cachet tenda a baixar, de prestação para prestação – confirmando que as vantagens da traição são sempre efémeras e que quando o vendido deixa de interessar ao comprador, é remetido para qualquer banco de trás.Seja como for, vender-se é a grande especialidade do homem desde que, em finais da década de 80, abriu as portas do seu país à contra-revolução externa e interna, vendendo (pelos vistos ao preço da chuva) a maior de todas as conquistas dos trabalhadores e dos povos do seu país e do mundo. Porque, sem subestimar, antes sublinhando como se impõe, os diversos factores externos e internos que estiveram na origem da derrota da primeira grande tentativa de construção de uma sociedade liberta de todas as formas de opressão e de exploração, é um facto que a traição de Gorbachev foi causa próxima dessa derrota. Como é um facto que, apesar de derrotada, essa experiência traduziu-se no maior avanço político, económico, social, cultural, civilizacional, da História da Humanidade – e que o sentido das mudanças no mundo, depois do fim da URSS, está à vista: mais e mais brutais guerras; mais exploração e opressão; menos democracia e menos liberdade.
Quanto a Gorbachev, vende malas. Até ver. Porque é bem possível que, um dia destes, nos apareça, numa qualquer página de anúncios classificados, uma ofertazita deste género: OFERECE-SE –Homem para todo o serviço. Satisfação completa. Preços módicos.

4 comentários:

Adega disse...

O Zé tem sentido de humor :) e muita lucidez... em cheio!!!

Adega disse...

já agora, e por falar em Zé, tenho um recado pró Jeremias: O ZÉ É QUE FAZ CÁ FALTA!

Anónimo disse...

Estou farto de procurar, até agora sem êxito, uma fotografia publicada no Expresso, e tirada em Cascais, aquando de uma visita de Gorbachov a Portugal em tarefa de propagandista do anticomunismo militante. Trata-se de uma foto de família, digamos assim, já que nela posam, com o «Gorby», cerca de uma dezena de criaturas dessas que, à falta de conseguirem transformar o PCP num «partido moderno», se auto-modernizaram, passando a deputados, ministros, secretários de estado, presidentes de câmara, vereadores... do moderníssimo PS.
Vou continuar a procurar a foto: quando (se) a encontrar, fá-la-ei chegar ao teu blog, Pedro.

Anónimo disse...

Por cá, também temos vários «vendedores de malas»