"O que diferencia «uma mudança reformista» de «uma mudança não reformista» num regime político, é que no primeiro caso o poder continua fundamentalmente nas mãos da antiga classe dominante e que no segundo o poder passa das mãos dessa classe para uma nova."

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Silêncios…

Silêncios…
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Sobre o tema que suscita estas linhas desconhece-se até ao momento qualquer declaração do governo português e a notícia foi divulgada de forma rotineira pela comunicação social. Falamos da partida para o Afeganistão de 120 militares portugueses que irão render a força de comandos portugueses que aí completou uma missão de seis meses. Ou seja, falamos da continuação da participação portuguesa na guerra de agressão contra o povo do Afeganistão iniciada em 2001 ironicamente sob o nome de código «enduring freedom» (liberdade duradoura).
Uma guerra «duradoura» que já provocou directa e indirectamente várias dezenas de milhar de mortos (só no último ano e meio mais de 6.500 pessoas) e que empurrou para a condição de refugiados bem mais de 2 milhões de pessoas. Uma guerra “duradoura” que se prolonga há já seis anos, que está a alastrar instabilidade e insegurança a toda a região e que tem levado o país ao completo caos e paralisia. Uma guerra cada vez mais mortífera e violenta e que do ponto de vista da intensidade de combate é perfeitamente comparável à guerra do Iraque.
Foi para aqui que os militares portugueses partiram. É importante lembrá-lo.
É importante lembrar porque, apesar do silencio relativamente a esta partida – provavelmente ditado pelas condições de alto risco que os militares portugueses vão encontrar – os responsáveis políticos portugueses têm insistido na tese - desmentida pelas notícias da intensidade da guerra - de que os soldados portugueses estão lá para ajudar à estabilização do país, para combater o terrorismo e… pasme-se o narcotráfico.
Sobre a estabilização do país ficam as declarações do responsável militar agora rendido «Seria completamente utópico esperar segurança e estabilização a curto prazo para todo o país»(1) . Sobre o combate ao terrorismo a situação internacional e as acções dos EUA e da NATO de bombardeamentos indiscriminados a civis falam por si. Sobre o narcotráfico são vários os estudos que comprovam o que as Nações Unidas acabam de revelar: «o Afeganistão tornou-se no país do mundo onde a maior área de terras cultiváveis está afectada à produção de drogas»(2) . Outros testemunhos, insuspeitos, são eloquentes sobre quem ganha com isso, como o de Craig Murray, ex-embaixador britânico no Uzbequistão: «os quatro maiores detentores do negócio da heroína são todos membros do governo Afegão – o governo pelo qual os nossos soldados estão a combater e a morrer»(3) . Palavras para quê? Nem Luís Amado as tem, pelos vistos…
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(1) Lusa, 27 de Agosto 2007
(2) Afghanistan Opium Survey 2007 - UNODC
(3)“Britain is protecting the biggest heroin crop of all time” (Craig Murray) 21 Julho 2007 - Daily Mail

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Só num país SOCRÁTICO! (7)

«Uma pessoa não pode receber o salário e depois não cumprir com o que está obrigado», afirmou Rui Rio, frisando que «ou as pessoas cumprem profissionalmente ou a alternativa será concessionar (a recolha de lixo) a privados».

Porto: Câmara «quer privatizar» recolha do lixo
(PortugalDiário, 2007/08/29)
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O Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) acusou esta quarta-feira a Câmara do Porto de estar a «criar um cenário» para permitir a privatização do serviço de recolha municipal de lixo, considerando injustas as acusações de falta de brio profissional, noticia a Lusa.
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«Este é um cenário montado para preparar a opinião pública», afirmou João Avelino, do STAL, comentando o aviso feito esta quarta-feira pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, sobre a possível privatização da recolha de lixo na cidade.
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Para o sindicalista João Avelino, a autarquia pretende alargar a privatização dos actuais 50 por cento para a quase totalidade da recolha de lixo porque «o negócio é mais apetecível quanto maior for a área concessionada».

João Avelino criticou ainda a autarquia por estar a culpar os trabalhadores pela situação, defendendo que a Câmara do Porto «devia era preocupar-se em penalizar quem não cumpre os regulamentos».
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«Os trabalhadores estão a ser injustamente acusados»
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«Falta de brio profissional» é uma manobra.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

A Frase das Terças (2)

"São 150 mil empregos que perdemos em três anos e que vamos recuperar em quatro"
(José Sócrates, campanha eleitoral, 10.01.2005)


segunda-feira, 27 de agosto de 2007

O CRIATIVO, não convence.

Amêijoas não convencem

A ideia de José Sá Fernandes de criar uma marca de vinho e de azeite da capital, bem como comercializar as amêijoas e as corvinas do Tejo, apanhou de surpresa os vereadores da Câmara de Lisboa.
(Sol, p.7 25.08.07)
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Fernando Negrão, do PSD, ficou tão surpreendido que confessa ter lido duas vezes o artigo do SOL «para tentar entender essas ideias tão originais».
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Carmona Rodrigues não conseguiu evitar o riso perante aquilo que considera ser «um disparate». «Palavras para quê? É um artista português!», comenta o vereador independente que acha que Sá Fernandes «tem de começar a ser responsável pelo que diz».
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Ruben de Carvalho. Para o vereador do PCP, pensar que a autarquia pode vender amêijoas «é uma coisa completamente caricata». O comunista considera que só «por desconhecimento do que é a produção vinícola» é que Sá Fernandes pode propor a comercialização do vinho que se produz na Tapada da Ajuda. «É uma coisa que não lembra ao demónio».
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Ana Sara Brito, vereadora do PS, confessa não ter lido as ideias de Sá Fernandes para combater a crise financeira do município. Apesar disso, as sugestões parecem-lhe «originais», mas não viáveis.
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A líder dos cidadãos por Lisboa diz que tem por norma «só comentar as propostas apresentadas pelo movimento e nunca as dos outros».
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O gabinete de António Costas escusou-se a revelar o que o presidente pensa sobre a matéria. «Haverá um comentário quando as propostas forem discutidas na Câmara».

domingo, 26 de agosto de 2007

ENTRE_SONS (1)

Serge Reggiani_"Ma liberté"
Francofolies 1994

sábado, 25 de agosto de 2007

O Vosso tanque General,

O Vosso tanque General, é um carro forte

Derruba uma floresta esmaga cem Homens,
Mas tem um defeito
- Precisa de um motorista

O vosso bombardeiro, general
É poderoso:
Voa mais depressa que a tempestade
E transporta mais carga que um elefante
Mas tem um defeito
- Precisa de um piloto.

O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar, e sabe matar
Mas tem um defeito
- Sabe pensar

Bertold Brecht

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

O “NEGÓCIO”

“Defendo que deve ser uma associação ou os privados a entrarem no negócio dada a procura que regista”
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Sabem os leitores do «Entre linhas Entre Gente», qual o "negócio" a que se reporta a afirmação supracitada?

Pois bem. É ao transporte dos doentes, na sua maioria idosos do concelho de Coruche para o Hospital de Santarém, que desde sempre tem sido feito (e justamente!) pelos Bombeiros Municipais, pagos pelo o dinheiro de todos nós.

Sabem quem é o autor desta afirmação?

É o capitão na reserva Rafael Rodrigues, que veio de Setúbal (porque terá sido?) para (des)comandar a nossa corporação de Bombeiros.

A quem é que interessa, o “negócio” do transporte dos doentes?

Surreal..

Enternecedor, comovente mesmo!!!

Foi Hoje pelas 18h na RVS (Rádio Voz do Sorraia) ouvir a interessante “entrevista” ao Director do J.C. conduzida pelo “redactor principal”.

Que “tonteria”! Não têm a noção do ridículo!
Valha-lhes nossa Senhora do Castelo!

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

O CRIATIVO

O tal Zé que fazia falta à Câmara Municipal de Lisboa,
APRESENTA!
para combate à crise económico da Câmara de Lisboa:
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Criar uma marca de vinhos e azeites de Lisboa e comercializar as amêijoas e as corvinas que se pescam no Tejo são algumas das «ideias radicais» que José Sá Fernandes está a desenvolver para aumentar as receitas da Câmara de Lisboa
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O vereador eleito pelo Bloco de Esquerda diz que «é preciso ter criatividade» para fazer face às despesas do município e revela que até já teve algumas conversas com o Instituto de Agronomia para pôr as vinhas e as oliveiras da Tapada da Ajuda a produzir vinho de mesa e azeite.

A ideia é «pensar em coisas novas para valorizar o potencial da cidade», explica Sá Fernandes, que descobriu recentemente que «se pescam no Tejo mais de 40 toneladas de amêijoa por dia». O vereador só está à espera de saber se o bivalve tem qualidade para dinamizar a sua venda.
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«é preciso ter criatividade»

terça-feira, 21 de agosto de 2007

A Falcatrua

Tribunal Constitucional: PSD recebeu financiamento ilícito da Somague em 2002 (Público, 21.08.2007)

«O PSD recebeu ilegalmente em 2002 mais de 233 mil euros em donativos indirectos da construtora civil Somague, revela um acórdão do Tribunal Constitucional»
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«O Tribunal Constitucional deu como cabalmente provado que a Somague, SA pagou uma factura no valor de 233.415 euros por serviços prestados ao PSD e à JSD pela empresa Novodesign»
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E são eles que se propõem governar-nos!

Uma História REAL!

CORAGEM DE DIZER: TENHO MEDO!
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Em meados de 1952 deram entrada no Forte de Peniche os réus do célebre Processo dos 108 (o maior de sempre).
Durante o julgamento, em 1948, muitos dos réus tinham sido condenados a penas suspensas mas, depois de vários recursos e por artes dos juízes do Tribunal Plenário, todos passaram a prisão efectiva e ainda sobrecarregados com as famigeradas medidas de segurança (forma encontrada por Salazar para manter indefinidamente encarcerados os que não desarmavam da luta contra a ditadura fascista).
Lá, juntámo-nos a camaradas que, na grande maioria, contavam já no seu currículo com alguns anos de prisão.
Não foram precisos muitos dias para comprovarmos que não havia exagero no que nos diziam, cá fora, familiares dos presos que lá se encontravam.
Os guardas, salvo uma ou outra excepção, eram verdadeiros carrascos. O seu chefe – indivíduo cruel e frio – estava intimamente ligado à PIDE.
O director, ex-capitão do exército, era uma pessoa despersonalizada e já xexé, que sancionava todas as patifarias do responsável pelos carcereiros.
A assistência médica e medicamentosa estava a cargo de um clínico sem um mínimo de personalidade. O enfermeiro era cínico, fingido e estava superiormente autorizado a alterar e mesmo a negar a medicação aconselhada pelo médico.
Os castigos eram tantos que, mesmo com os três segredos ininterruptamente ocupados, levariam anos a ser cumpridos (com a greve que, adiante, descreveremos, foram anulados).
Aquilo a que os carcereiros chamavam disciplina, era opressão, era verdadeira crueldade.
Cabe aqui contar como toda uma Sala foi castigada ( a Sala 3, que estava isolada das outras por serem os seus ocupantes considerados “os maus”).
Uma noite (entre as 23 horas e meia-noite), um companheiro nosso, o João Lopes, de Viana do Castelo, adoeceu gravemente. Pedimos ao soldado da GNR que fazia vigia à nossa Sala que providenciasse no sentido de chamarem o enfermeiro. Este pedido foi feito por vários vezes e sempre o GNR o comunicou sem resultados. O nosso companheiro sofria imenso (os próprios guardas estavam indignados perante esta situação).
Com a manhã já bastante adiantada chegou, por fim, impante e com ares de provocação, o enfermeiro. Reprovámos o seu comportamento. Foram-lhe dirigidas algumas palavras um tanto azedas a que ele respondeu com novas provocações.
Resultado: no dia seguinte foi lida uma Ordem de Serviço que dizia terem sido todos os ocupantes da Sala castigados com 5 e 10 dias de Segredo (alguns camaradas que tinham feito o seu turno de acompanhamento ao doente dormiam a sono solto, portanto não tinham tomado parte na discussão com o enfermeiro mas, mesmo assim, não se livraram do castigo).
A alimentação era péssima, mas em grande quantidade. Aos carcereiros convinha-lhes muita comida (quase sempre ou na maior parte dos dias imprópria para consumo) pois os restos – e que restos! – eram vendidas a particulares, para engorda de porcos.
E aqui vamos chegar ao motivo porque escrevo esta tentativa de estória que é, ao mesmo tempo, uma sentida homenagem a um querido amigo já falecido – o João Garcia Labaredas.
A determinada altura, devido a uma inflamação intestinal, fui isolado num quarto para que não pudesse comer alguma coisa que me fizesse mal. A minha dieta era ao almoço e ao jantar, arroz ou massa com cavalas ou sardas cozidas ( e já amareladas!) Daí, desse quarto, assisti ao que deu ocasião à maior greve de fome até então levada a cabo por presos políticos.
Camaradas a dieta como eu, recusavam-se a levar para ser cozinhada, carne que, via-se pelo tom azulado, estava estragada.
Depois de uns minutos de discussão sobre o assunto, os presos propuseram não recusar a sopa nem o pão, mas não comeriam a carne. A proposta foi rejeitada pelo chefe dos guardas que proferiu provocações e ameaças. Então, os presos presentes, declaram que iriam para a greve de fome.
Eu fui transferido para a Sala 4 onde se encontravam conterrâneos meus.
Foi a mim que, depois da descrever o que se passara, coube a tarefa de apresentar aos camaradas coucenses a proposta de greve. Imediata e simultâneamente o Arnato Brás e o Joaquim Castanha disseram estar de acordo, que fariam a greve: vamos p`ra ela!
Em seguida, o João Labaredas diz em voz bem segura: Tenho medo, mesmo muito medo! Numa greve de fome por tempo indeterminado há perigo de mortes; mas eu adiro e irei até ao fim!
Estas palavras jamais as esquecerei, pois o João disse-nos o que nós, por vaidade de confessarmos que tínhamos medo, não fôramos capazes de afirmar.
Passados cinco a seis dias havia amigos que, por debilidade física e moral, tinham caído à cama.
Então era bonito de ver o João Labaredas, de cama em cama, a animar os companheiros doentes. Contava-lhes anedotas, passagens da sua vida de marçano em Lisboa, da sua estadia como expedicionário nos Açores e declamava monólogos alegres, que muitos sabia de cor!

O Homem que teve a coragem de dizer que tinha medo tudo fez para levantar o moral dos mais débeis e, sem dúvida, o seu contributo foi determinante para que na Sala não houvesse, sequer, uma desistência!

João Camilo Pereira Rosa
(1920-2001)
Passado para o papel Novembro 95, Couço

A Frase das Terças (1)


"dentro dos vários regimes, se encontram pessoas que conseguiram fazer coisas interessantes"
(Dionísio Mendes, J.C. Julho/07)


segunda-feira, 20 de agosto de 2007

C.M.C. vs T.C.

Vejamos um pequeníssimo (mas significativo) excerto da apreciação feita no relatório produzido pela equipa do Tribunal de Contas, que procedeu à acção de fiscalização à Câmara Municipal de Coruche no âmbito da empreitada de “requalificação da zona ribeirinha de Coruche” que teve como consequências (Só?!) uma multa ao Presidente e vereadores.
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Apreciação (feita pela equipa T.C.):
  • «Quanto às informações prestadas pela autarquia no que se refere à necessidade da realização dos trabalhos adicionais em consequência das exigências de entidades externas, o serviço não só não apresentou documentação que comprove que as “Estradas de Portugal” e “EDP” foram consultadas antes do início da obra, como, relativamente a esta última entidade, refere não dispor de suporte documental que comprove as exigências posteriormente efectuadas, uma vez que todos os contactos foram verbais.»

Assim se vê a (des)organização que vai na Câmara!

domingo, 19 de agosto de 2007

“É sabido que, quando as forças do capital dizem bem da acção dum partido operário, alguma coisa de errado este está a fazer. E se o inimigo nos ataca com tanta insistência, é porque alguma coisa estamos a fazer de acertado.”

Álvaro Cunhal

sábado, 18 de agosto de 2007

Só num país SOCRÁTICO! (6)

Desemprego sobe no 2.º trimestre
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«Entre Abril e Junho deste ano existiam mais 35 mil desempregados, um aumento de 8,6% em comparação com igual período do ano passado, e a população empregada caiu 0,5%, de acordo com os dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
A taxa de desemprego no segundo trimestre atingiu os 7,9% - 440,5 mil desempregados - contra os 7,3% registado no ano passado, para o mesmo intervalo de tempo. Em relação aos primeiros três meses do ano, o desemprego caiu 0,5 pontos entre Abril e Maio o que é explicado pelos analistas como "normal" para a época. Turismo e serviços são consumidores de emprego sazonal.
Há fortes indícios de que a precariedade do emprego está a aumentar. Pouco mais de 840 mil portugueses possuíam emprego precário no segundo trimestre deste ano, um aumento de 78 mil em relação ao período homólogo de 2006, de acordo com os dados do INE

“Além …o Couço”


“Além …o Couço”

O Couço lutou pela liberdade
Com sangue suor e muitas lágrimas
No Couço se escreveram grandes páginas
Que vão ficar na história da humanidade
*
Vila do Couço… liberdade à vista
Sentinela da planície Ribatejana
Voz do Povo que…o Povo ama
Alma e sangue do Partido Comunista
José Manangão

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Assembleia de Freguesia de Couço - MOÇÃO

A Assembleia de Freguesia de Couço ao tomar conhecimento de que um movimento dinamizado pelo Director do Jornal de Coruche visa a reposição da estátua, reabilitação e culto de personalidade a um oficial do exército, Luís Alberto Oliveira, profundamente ligado ao Fascismo (Ministro da Guerra, de Abril de 1933 a Outubro de 1934) decidiu manifestar de forma veemente o seu protesto contra essas mesmas pretensões.
Lembra esta Assembleia que durante o exercício ministerial de Luís Alberto Oliveira, aconteceram assassinatos políticos, deportações para a Fortaleza de S. João Baptista, o Decreto-lei de instituição da P.V.D.E., o Decreto-lei da fascização dos sindicatos, que proibia os sindicatos livres, a criação do SPN (Secretariado de Propaganda Nacional) que se tornou o instrumento fundamental da manipulação ideológica e orientadora do fascismo, a proibição de todos os partidos políticos e organização secretas e, a lei que obrigava os funcionários públicos a assinar a declaração anticomunista como prova de aceitação da Constituição fascista.
A liberdade de imprensa, conquistada depois do 25 de Abril de 1974, não é compatível com a campanha de branqueamento do fascismo, dos fascistas e o denegrir dos antifascistas, em particular dos comunistas que demonstram, de forma honesta, a justeza das suas convicções antifascistas.
É com a certeza de representarmos o Povo do Couço, membro Honorário da Ordem da Liberdade, e que sofreu durante a Ditadura fascista mais de duzentos anos de prisão no total e mais de trezentos dias de tortura, um Povo com uma História profundamente inscrita na História de Resistência ao fascismo em Portugal, que sabemos ser justa a nossa pretensão.
A Assembleia de Freguesia de Couço delibera por unanimidade:
1.Denunciar e condenar o branqueamento do Fascismo e seus protagonistas;
2.Saudar os resistentes antifascistas, reconhecendo o seu papel decisivo para o derrube da ditadura fascista;
3.Opor-se a qualquer tentativa de reposição da estátua de Luís Alberto Oliveira e recomenda aos órgãos competentes que assumam igual posição.
4.Remeter a presente moção ao Exmo. Senhor Presidente da República, ao Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República, ao Exmo. Senhor Primeiro-Ministro, a todos os Grupos Parlamentares, à Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Coruche, ao Senhor Presidente da Câmara Municipal de Coruche, ao Senhor Presidente da Junta de Freguesia do Couço, à Associação 25 de Abril e à União de Resistentes Antifascistas Portugueses.

Fascismo NUNCA MAIS!
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Assembleia de Freguesia de Couço em 21 de Junho de 2007
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(In Jornal "MAIS REGIÃO" AGOSTO/07)

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Um ninho de cucos

Em página inteira generosamente concedida pelo Diário de Notícias, o PNR anunciou esta semana que vai realizar congresso. Convenção, chamam-lhe eles.
Ora esse partido, tem algo que se lhe diga.
É que não foi fundado como nenhum dos outros partidos políticos. Não tendo obtido as assinaturas suficientes para formar partido, os seus progenitores fizeram negócio com um partido já legalmente constituído.
O Partido Renovador Democrático era à data um cadáver político, crivado de dívidas. Para se desenvencilharem delas, os seus dirigentes aceitaram que elas fossem pagas por alguns indivíduos de extrema-direita, conotados com o fascismo, e que fizeram como os cucos: em vez de se darem ao trabalho de fazer o seu próprio ninho, instalaram-se em ninho alheio, já pronto, para aí porem os seus ovos.
E ao fim de algum tempo - esses ovos germinaram pintos de um neo-salazarismo que se propõe fazer carreira aproveitando as condições propícias que a crise social semeada pela política de direita lhes pode proporcionar.
Esses pintos do ninho de cuco não tardaram em mudar o programa e os estatutos e instaurar os seus órgãos directivos. Assim foi dado à luz o PNR.
Formalmente, a fraude política resultou. O Tribunal Constitucional deixou passar a operação. Mas politicamente, trata-se de um negócio fraudulento: a criação de um partido novo por indivíduos que recorrem aos escombros de um partido já existente legalmente, aproveitando a sua estrutura e substituindo tudo o resto.
Pode também perguntar-se: com a natural erosão do PRD, um partido morto por perda absoluta de qualquer substância que o identificasse com as razões políticas da sua fundação, recolherá esse PNR actualmente o número mínimo de membros exigidos por lei para um partido político?
Este caso mostra bem como não é só a letra oficialmente oferecida que importa. Há que ver os propósitos enunciados, as actividades realizadas. E aqui há dados incontestáveis, a começar pela simbologia nazi.
Em política, o que parece pode não ser. E quando estamos perante um acumular daquilo a que podemos chamar fraude política, é preciso atenta vigilância e forte desmascaramento político para não sermos surpreendidos por factos consumados.
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quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Só num país SOCRÁTICO! (5)

Portugal agrava fosso entre ricos e pobres para pior nível europeu
Crise?! Só para alguns!
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100 Mais ricos valem 22,1% do PIB (Público 15.08.2007)

«As grandes fortunas portuguesas cresceram 35,8 por cento este ano face a 2006, um aumento influenciado pelas movimentações e investimentos na bolsa portuguesa, segundo um ranking da revista Exame. As 100 maiores grandes fortunas de Portugal valem, este ano, 34 mil milhões de euros, um valor que equivale a 22,1 por cento do produto interno bruto (PIB) português (a preços correntes) e que supera os cerca de 25 mil milhões registados em 2006. Este crescimento é, em parte, justificado pelo desempenho do PSI 20. Depois de ter subido 29,9 por cento em 2006, o principal índice da bolsa portuguesa cresceu, nos primeiros seis meses deste ano, 18,8 por cento. Um cenário de desempenho que influenciou não só a riqueza dos milionários que costumam ser nomes habituais desta lista mas também as novas fortunas presentes neste ranking. Belmiro de Azevedo, o dono da holding Sonae, continua a ser o homem mais rico de Portugal, tendo duplicado este ano a sua fortuna de 1779,5 milhões de euros para 2989,3 milhões de euros.»

terça-feira, 14 de agosto de 2007

«Vive a festa da luta e da fraternidade»

"A Festa do Avante"
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Estou na “Atalaia” na esplanada
Na minha frente a Festa do Avante
Passa o povo de bandeira rubra içada
De olhar sereno e sorriso triunfante
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É a força do trabalho e o seu querer
Fazendo a festa do amor e da amizade
O povo assiste com alegria e prazer
Vive a festa da luta e da fraternidade
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A minha Pátria está na minha frente
Aqui eu sinto, a força do seu pulsar
O sorriso de cada um…é confiante
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Em uníssono ouvimos o povo cantar
De braço dado avante camarada “avante”
Ninguém nos rouba o direito de sonhar.
José Manangão

domingo, 12 de agosto de 2007

Não resisto a fazer alguns comentários

Ao ler isto e isto.

Afirma JCP que 1991 foi o “Ano de viragem das festas , politizadas até aí pela CDU que governava a Câmara Municipal de Coruche.”

Não resisto a fazer alguns comentários:

Se a “viragem” e a “reposição das tradições” foi em 1991 não se percebe então porque insiste o actual Presidente da Câmara em afirmar que 2002 foi o ano da “entrega das festas ao Povo” e da “reposição das tradições” – que tradições? Rodeios brasileiros? Largadas de toiros à moda dos Açores? Sobre isto, JCP nada diz. Onde está a sua sensibilidade para os valores e as tradições Coruchenses, que em 1991 diz ter aplicado na organização das mesmas?
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Escreve ainda JCP: “O Cortejo Etnográfico e do Trabalho voltou a ter ,nesse ano,a presença de Campinos e muitos jovens envergando trajes dos finais do sec XIX , inicio do sec XX . Os ranchos folcloricos e Juntas de Freguesia, algumas Casas Agricolas e Instituições , e as centenas de portas a que bati solicitando o empréstimo desde peças de vestuário a objectos usados nas fainas da lavoura ou na decoração de casas rurais tiveram uma colaboração importante na preparação das figurações integradas no Cortejo ena Exposição.”
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Não diz JCP, que foi muito bem pago, para bater ás “centenas de portas” como diz ter feito. Não corresponde assim à verdade a afirmação: “Honro-me , como Coruchense de ter dado o meu modesto contributo para isto.”
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Sobre a apreciação feita por JCP ao papel do actual Presidente da Câmara, quando afirma que “O então vereador da Cultura Dionisio Mendes teve papel importante na decisão da Câmara da altura para que as Festas retomassem o caminho da tradição e fossem abandonados modelos "politicos" que nada tinham a ver com Coruche e com as Festas.”

Como eu compreendo JCP. A vida em 1991 era difícil, hoje continua, o dia de amanhã é incerto e nada melhor de que estar sempre de bem com quem exerce o poder.
P'ra mentira ser segura
e atingir profundidade,
tem que trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.
(António Aleixo)

Centésimo aniversário do Poeta, Escritor e Antifascista

MIGUEL TORGA
(1907-2007)
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IDENTIDADE
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Matei a lua e o luar difuso.
Quero os versos de ferro e de cimento.
E, em vez de rimas, uso
As consonâncias que há no sofrimento.

Universal e aberto, o meu instinto acode
A todo o coração que se debate aflito.
E luta como sabe e como pode:
Dá beleza e sentido a cada grito.

Mas como as inscrições nas penedias
Têm maior duração,
Gasto as horas e os dias
A endurecer a forma da emoção.

Só num país SOCRÁTICO! (4)

Coimbra, celebrações do centésimo aniversário do poeta, escritor e antifascista Miguel Torga.

"É uma falta grave, uma omissão grave de cumprimento de um dever cívico"

"A ausência da ministra da Cultura, do secretário de Estado ou de um membro do Governo mostra que o Governo não compreendeu a grandeza e o significado do que aconteceu em Coimbra. É um acontecimento nacional"

"A ministra mostrou-se insensível ao valor que Torga tem para a cultura portuguesa. É um dos mais importantes escritores da língua portuguesa, da liberdade, da portugalidade"

António Arnaut

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

“Que saudade do Zé, daquele fado, Roseira Brava, daquele VOZEIRÃO!, daquela alegria …”

O redactor principal (Sacode a água do capote)

O redactor principal contactou-me via e-mail negando ser o autor da Noticia.Reposição do Busto de Benfeitor de Coruche. (Noticia: “J.C.” Agosto/07, pág.6.)

Não esclarece contudo quem foi o autor!

Agora ninguém quer assumir a autoria da dita!

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

O redactor principal

Reposição do Busto de Benfeitor de Coruche. (Noticia: “J.C.” Agosto/07, pág.6.)

«Fernanda Pinto, presidente da Assembleia Municipal, eleita pela CDU, devolveu ao executivo camarário a responsabilidade de decidir a reposição ou não do busto que foi arrancado em 1975 sob a força das armas, de militares vindos de Vendas Novas e contra a vontade da população»

Eu já sabia, que o rigor jornalístico não é o forte do redactor principal, mas assim é de mais!
Então não foi “gente ignorante e desclassificada montada em camionetas e tractores” que arrancaram o busto? Como repetidamente tem afirmado o seu jovem director.
Tal é, a obsessão do redactor principal que para mostrar serviço ao seu jovem director, cria uma nova versão, mais dramática sobre os acontecimentos daquele inesquecível 18 de Março 1975.

Uma coisa ficámos a saber o busto só foi arrancado pela pressão das armas, se não
ainda hoje lá continuava!

Festas do Castelo (2)

Cortejo
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Ao ler no jornal “O Mirante” (09/08/07), as declarações da responsável do cortejo nomeadamente, quando refere que irá ser retratada no cortejo a «vivência» das «casas abastadas» na vila de Coruche. «Em que as empregadas e cozinheiras vinham do norte para servir os grandes senhores».
Suscitou-me a seguinte reflexão:
Será que o objectivo do cortejo, hoje no séc. XXI, é exaltar e evidenciar a vida miserável que levavam aqueles e aquelas que vinham do norte do país «servir» nas casa dos grandes latifundiários, onde como todos sabemos naquele tempo, antes do 25 de Abril, eram vítimas das mais diversas formas de exploração, levando uma vida miserável para que os senhores “feudais” vivessem na opulência.
Não temos nós presente, como eram humilhadas, desrespeitadas e usadas para “todo serviço”, pelos grandes senhores e feitores.
É a vida de sofrimento e de exploração que se pretende exaltar?
A Câmara Municipal pode e deve preservar, as vivências, usos e costumes, as memórias e o património das nossas gentes e da nossa terra com a dignidade que se impõe e nunca numa perspectiva saudosista de um passado que não queremos voltar a viver e que parece que alguns terão saudades.

Pode-se e deve-se valorizar a tradição popular, tendo presente o passado mas sempre numa perspectiva de progresso social.

Imaginemos

Imaginemos que, na sequência dos resultados para as eleições intercalares de Lisboa no passado dia 15 de Julho, o Presidente da República começava por declarar um «impasse» devido ao facto de o PS de António Costa ter obtido apenas uma maioria relativa e uns escassos seis vereadores, longe dos nove indispensáveis para uma maioria absoluta e a uma distância abissal dos 17 que compõem o total do executivo camarário.
Era flagrantemente ilegal – a lei eleitoral portuguesa é taxativa a indicar que o cabeça de lista da formação mais votada deve chefiar e constituir o futuro executivo – mas estamos numa suposição.
De seguida, o Presidente Cavaco Silva aponta a «necessidade» de se conseguir um «entendimento democrático» que solucione o problema.
É então que Carmona Rodrigues, com os seus três vereadores, giza o tal «entendimento democrático» com o PSD (que «em nome de Lisboa» esquece os desaguisados recentes com o seu ex-candidato e contribui com três eleitos), com Helena Roseta (que «em nome dos cidadãos» e em memória da desfeita que o PS lhe fez acrescenta os seus dois lugares) e com Sá Fernandes, do Bloco de Esquerda (que, «em nome dos lisboetas que acharam que o Zé faz falta», arrematou a jogada).
É claro que o PCP ficou de fora deste arranjinho, mas isso é o costume: os comunistas querem-se bem longe, para os conluios andarem sobre rodas.
Portanto, assim do pé para a mão, eis uma robusta maioria de nove eleitos resultante de uma «ampla coligação». Isso mesmo assinala e enaltece o Presidente da República, Cavaco Silva, quando anuncia ao País a formação de um novo executivo camarário para Lisboa tendo Carmona Rodrigues como novo presidente.
Eis também, assim num repente, o responsável máximo por um executivo PSD que desabou fragorosamente soterrado de escândalos, a voltar ao poder depois de ter descido de oito para três mandatos e sofrido uma derrota clamorosa.
Eis ainda, em contrapartida, um PS vitorioso, que subiu para seis mandatos a sua representação na câmara de Lisboa, a ver-se repentinamente desapossado da presidência e expulso do poder. É evidente que se isto ocorresse aqui e agora, em Portugal, o País levantar-se-ia em peso e todos os órgãos de comunicação social, sem excepção, demonstrariam a mil vozes que se dera um golpe de Estado constitucional.
Felizmente que nada disto aconteceu com Lisboa, onde os bons costumes democráticos continuam devidamente alinhados.
Apenas aconteceu em Timor-Leste onde, no descontraído e generalizado dizer da comunicação social portuguesa - e em consonância com o que o imperialismo afirma dos EUA à Austrália -, a Fretilin simplesmente «foi derrotada» pelo Nobel da Paz Ramos Horta, agora distinto Presidente do jovem país, isto apesar de ter ganhado as eleições legislativas com a tal maioria relativa. Entretanto Xanana Gusmão, esse «grande líder» que se alcandorou a «herói da resistência» colaborando na prisão com o opressor indonésio, é nomeado primeiro-ministro pelo amigo Ramos Horta apesar de ter perdido as eleições, à frente de uma «coligação» de insignificâncias eleitorais unidos pela obsessão comum de destruir a Fretilin, a indiscutível força vencedora que foi assim liminarmente afastada do poder.
Como isto se passa em Timor, parece que é tudo perfeitamente normal. Para os nossos ilustres democratas – do Governo a quem o apoia na Informação -, as regras democráticas são para se respeitar, mas só quando isso convém...

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Eles andam aí

Eles andam aí, de borracha de tinta na mão.
Incontidos a falsear a história, no caminho da deturpação do regime fascista de Salazar e do fascismo.
De mansinho a reabilitar as personalidades do “antigo regime”( agora hipocritamente apelidado) em contra-ponto com campanhas de descrédito e desvalorização da democracia e com apagamento daqueles que mais lutaram para ser livre a terra que hoje pisamos.
Cheiram a mofo salazarento, estes “cadáveres adiados”.
Desafinadores históricos que fecham os olhos ao regime salazarista que impôs a supressão das liberdades: de expressão, de reunião, manifestação e associação; a proibição de partidos políticos, da liberdade sindical e do direito à greve e que manteve o colonialismo até ao fim dos seus dias.
Marionetas do capital que negam a História da ditadura fascista, que é uma história de privações, explorações, misérias, perseguições, prisões, torturas condenações e assassinatos.
Eles andam aí, «mentem, deturpam, manipulam, mistificam, caluniam, insultam, ofendem, ameaçam e sobretudo desnudam um pensamento tão reaccionário, retrógrado e cavernícola que divertiria se não soubéssemos que transporta consigo o ovo da serpente»
Eles andam aí, de borracha de tinta na mão, a tentar a apagar tinta permanente.
Não podemos ficar indiferentes: Hoje o Busto do Ministro amanhã o do Presidente do Conselho.

A Indiferença











Primeiro levaram os comunistas,
Mas eu não me importei
Porque não era nada comigo.

Em seguida levaram alguns operários,
Mas a mim não me afectou
Porque eu não sou operário.

Depois prenderam os sindicalistas,
Mas eu não me incomodei
Porque nunca fui sindicalista.

Logo a seguir chegou a vez
De alguns padres, mas como
Nunca fui religioso, também não liguei.

Agora levaram-me a mim
E quando percebi,
Já era tarde.

Bertolt Brecht

Entre Linhas Entre Gente (1)

A minha Caixa de Correio é um caixote do lixo. Ali despejam, diariamente, centenas e centenas de prospectos e extractos de conta, de um banco faz de conta.
Faz de conta que é conta.
Se calhar não são centenas de prospectos e eu é que estou aqui a exagerar; mas são alguns… Os bastantes, pelo menos, para que eu perca algumas cartas no meio do entulho. São prospectos de livros e discos, de montadores de marquises, de estores, de ceras, de espectáculos, de produtos de beleza (para quê?), de policlínicas, enfermagem, móveis… sei lá!
Prospectos, todos! Até de detergentes!
Claro que isto também lhe acontece e ainda bem que me dá razão, não estamos aqui a mentir.
Ora bem. Eu deveria ser um beneficiário da caixa – do Correio e não sou.
Tenho Caixa… de prospecto. E a minha Caixa é igual às outras Caixas todas lá do prédio. Tem portinha a abrir para baixo, fechadura, ranhura, tudo. Tudo como as outras e prospectos também.
Deixei acumular um mês de lixo para ver o que é que aquilo dava. Não dava nada. Era tudo para comprar. Não retirei nem um só papel para ver se aquilo dava mais alguma coisa. Nada. E esta nota também não vai dar nada se não arranjar um final porreiro.
Abri a caixa outra vez e vou fechar a nota. Sabem o que é eu encontrei?
Um elefante!
Estou por isso muito contente. Se calhar queriam que ficasse de trombas, não?!

Eu falei em Caixa não falei? Porreiro!
Vou dar baixa… à Caixa de Correio. Estou farto desta assistência panfletária.
Júlio César

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Efeméride

AGOSTO DE 1949, DURANTE 15 DIAS MAIS DE 500 OPERÁRIOS AGRÍCOLAS DO COUÇO/CORUCHE FAZEM SUCESSIVAS CONCENTRAÇÕES JUNTO A CASA DO POVO, PROTESTANDO CONTRA O DESEMPREGO.

Fonte: “O Camponês”, Ano III, nº28

Só num país SOCRÁTICO! (3)

Assembleia Geral do BCP

“Isto é uma vergonha, a maior instituição bancária portuguesa andar nisto. É uma pouca-vergonha”
Joe´Berardo

”Nunca vi uma assembleia tão mal conduzida. Os votos foram fraudulentos.”
Idem

“Nunca vi nada assim na minha vida”
Diogo Vaz Guedes


Que espectáculo dão estes "modernos" capitalistas! A disputar o bolo!

Festas do Castelo (1)

Ao ler o programa das festas, confirmei aquilo que se diz por aí, a comissão de festas feita à pressa é do PS. (as festas não foram entregues ao povo.)
Vejamos:

Presidente da Direcção – PS, eleito na Assembleia Municipal
Presidente do Conselho Fiscal – PS, Vice-Presidente da CMC
Presidente da Assembleia-geral – PS, Mandatário do PS nas Autárquicas
Se isto é despartidarizar a comissão de festas, “vou a ali… já venho!”

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Timor-Leste/GOLPE DE ESTADO

Preste a consumar-se o golpe de estado, à muito planeada pelos australianos/americanos conluiados com o Ramos Horta e Xanana Gusmão.
Desrespeitada a Constituição e a vontade Popular, expressa nas eleições!
Que irá dizer o Presidente da Republica Cavaco e o Sócrates?
Vão exigir o respeito da legalidade constitucional, ou calam-se?
Não foi a FRETILIN a força mais votada?


Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és!

Não percebo, o porquê da parceria existente entre o Presidente da Câmara (que é de esquerda?) com o Director do “J.C.” na participação em pseudo-conferências para enaltecer o nacionalismo bacoco e passadisso.
Não tem mais que fazer, como Presidente de Câmara? Do que andar discutir “a questão de Olivença” e agora apadrinhar as “Crónicas da Nação” do dito jornal, que exaltam o fascismo e os valores fascistas. É estranho?! O que dirão os seus amigos do “Movimento Não Apaguem A Memória”.
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Deixai-os; cegos são e condutores de cegos; e se um cego guia a outro cego, ambos vêm a cair no barranco.
S.MATEUS

O ANALFABETO POLÍTICO

O ANALFABETO POLÍTICO
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O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
Nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o custo da vida,
O preço do feijão, do peixe, da farinha,
Do aluguer, do sapato e do remédio
Dependem das decisões políticas.

O analfabeto político
É tão burro que se orgulha
E estufa o peito dizendo
Que odeia a política.

Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
Nasce a prostituta, o menor abandonado,
E o pior de todos os bandidos,
Que é o político vigarista,
Pilantra, corrupto e lacaio
Das empresas nacionais e multinacionais.
Bertolt Brecht

“O Jornal de Coruche” TRESANDA! a 28 de Maio 1926!

Na última edição Agosto/07 abundam as citações de Salazar, artigos e crónicas saudosista de todo o período anterior ao 25 Abril e a promoção e branqueamento de figuras e personalidades, comprovadamente comprometidos com o fascismo

O Destaque desta edição vai para a Entrevista a Joaquim Gusmão apresentado como cidadão honorário de Coruche. – Atribuído pela Câmara Municipal (eleita por quem?) em 1969.
Seguem-se alguns excertos (caricatos e elucidativos) da extensa entrevista conduzida pelo jovem director (empenhado em ressuscitar os principais protagonistas que "reinaram" no concelho de Coruche durante o regime fascista.)
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“conseguimos colocá-lo a funcionar num domingo de Páscoa. Para ver os sacrifícios que nessa altura (1957) se faziam. Se alguém hoje é capaz de fazer trabalhar um engenheiro ao Domingo?! Quanto mais ao Domingo de Páscoa.”
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JC – Nessa altura ainda não tinha tido muito contacto com Coruche?
“não conhecia ninguém em Coruche. Só conhecia algumas pessoas de nome, como a família Teixeira ou a família Patrício, mas não conhecia ninguém. Mas como havia relações pessoais através do Dr. Rapazote que era muito amigo do meu sogro em Évora, foi fácil a minha entrada por aí, em Coruche.”

“posso ter-me incompatibilizado com algum individuo ou algum colega que não queria trabalhar, agora com aqueles que precisavam do meu trabalho não houve problemas.”
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“em dada altura no tempo do Salazar, as obras da rega pararam um pouco, e aí o Eng. Trigo de Morais deve ter tido alguma responsabilidade, porque havia a ideia que se fizessem as obras da rega havia uma natural divisão da terra, porque quem tivesse muitos hectares de terra não tinha capacidade, organização, pessoal e máquinas para fazer tudo logo, isto é, cultivar em regadio muitos hectares de terra por ano, o que convenceu o Salazar, os economistas, e se calhar eu também.”
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“o único problema grave foi o desastre de Chernobyl, estavam os ministros todos fora e estavam umas ovelhas que vinham de lá para entrar em Portugal e tive que as colocar em quarentena.”

“a culpa do muito falado “funcionalismo público” foi deles, veja-se JCI, o tal organismo que queria fazer a colonização e a divisão das propriedades, até chilenos meteram.”
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“ esses homens estiveram-me a lavar o cérebro das 9 ao meio-dia, par que eu autoriza-se que se metesse no Alentejo 500 regentes agrícolas. Sabe para quê? Para ir ajudarem os empresários comunistas e socialistas que lá meteram e que nada percebiam de agricultora, e queriam lá colocar os regentes agrícolas do estado para os ensinarem.”
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JC – Conheceu o Prof. Salazar?
“não, nunca o conheci. Reuni muitas vezes com Prof. Marcello Caetano que era um homem superior”
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sexta-feira, 3 de agosto de 2007

VOZES DO ALÉM...

Só num país SOCRÁTICO! (2)

Pensão de invalidez demora 4 meses até ser paga! (D.N. - 03-08-07)

É OBSCENO! É ESCANDALOSO! Só num país SOCRÁTICO!

Brejeirices Diz Persas (2)

VIRGENS PARA QUE VOS QUERO!

Ah virgens na Passarola!
Diálogo ouvido na Gago Coutinho:
Ela: - Bártolo meu!
Ele: - Passa a rola tua!
Ela: - De Gus mão beijada!
Naquela companhia aérea americana, as moças eram extremamente permissivas. Davam logo Pan quecas ao pequeno-almoço.
Aquela virgem consumia os dias a chorar sobre o tampo do psiché. Ainda há tampos que resistem!
Senhora de grande ternura, morreu sem nunca ter tido consciência de possuir um sexo. Era uma virgem sempiterna!
Aquela ruiva felosa só ouvia o Rui Veloso n´O Negro do Rádio de Pilas.
Aquele Gigolo fazia sempre os serviços ao pilómetro.
Há virgens tão persistentes que nunca chegam a desabrochar.
Pitosga, diz-se da virgem que não vê a coisa com bons olhos.
Oh virgens que pastais ao sol poentre! (esta tem uma achega do O´Neill).
Para os cinéfilos atentos é, hoje, notória a predilecção de Pabst pela Boceta de Pandora. Parece que é Brooks!

Agosto 92
José Labaredas

O Vendedor de malas.

O DN deu a notícia: Gorbachev, o último presidente da ex-União Soviética vai participar na campanha de publicidade de promoção de uma famosa marca de malas. O papel que lhe está destinado, diz a notícia, é o de se sentar «no banco de trás de um táxi contemplando com ar pensativo as ruas por onde segue o veículo, tendo a seu lado uma típica mala» da marca publicitada. É provável que o anúncio entre em casa de milhões de telespectadores lá para o último trimestre – talvez para coincidir com o 90º aniversário da Revolução de Outubro...Nada disto surpreende: não é a primeira vez, e certamente não será a última, que Gorbachev vende o seu nome e os seus actos, embora o cachet tenda a baixar, de prestação para prestação – confirmando que as vantagens da traição são sempre efémeras e que quando o vendido deixa de interessar ao comprador, é remetido para qualquer banco de trás.Seja como for, vender-se é a grande especialidade do homem desde que, em finais da década de 80, abriu as portas do seu país à contra-revolução externa e interna, vendendo (pelos vistos ao preço da chuva) a maior de todas as conquistas dos trabalhadores e dos povos do seu país e do mundo. Porque, sem subestimar, antes sublinhando como se impõe, os diversos factores externos e internos que estiveram na origem da derrota da primeira grande tentativa de construção de uma sociedade liberta de todas as formas de opressão e de exploração, é um facto que a traição de Gorbachev foi causa próxima dessa derrota. Como é um facto que, apesar de derrotada, essa experiência traduziu-se no maior avanço político, económico, social, cultural, civilizacional, da História da Humanidade – e que o sentido das mudanças no mundo, depois do fim da URSS, está à vista: mais e mais brutais guerras; mais exploração e opressão; menos democracia e menos liberdade.
Quanto a Gorbachev, vende malas. Até ver. Porque é bem possível que, um dia destes, nos apareça, numa qualquer página de anúncios classificados, uma ofertazita deste género: OFERECE-SE –Homem para todo o serviço. Satisfação completa. Preços módicos.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Ironia das Ironias

Então não é, que o Mendes Presidente da Câmara foi multado em mais de 1300 euros, pelo tribunal de contas!
Sabem porquê?
Porque deveria ter aberto concurso público para um contrato adicional ao contrato de adjudicação das obras de requalificação da zona do Rossio.
Estamos a falar de valores na casa dos 235 mil euros mais coisa menos coisa. Foi tudo à boleia da figura "dos trabalhos a mais".
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Mas o mais grave é que não conseguiu justificar esta irregularidade, não apresentando suporte documental, que fundamentasse tal pratica conforme solicitação do citado tribunal, foi tudo tratado verbalmente.
É Espantoso!
Foi condenado pela prática de irregularidades que no passado, acusava o Brandão de praticar. Lembram-se?!
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Ironia das Ironias.
O que virá a seguir?

Só num país SOCRÁTICO! (1)


Noticia do D.N. - 01/08/07
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Lucros dos quatro maiores bancos privados subiram 23% no primeiro semestre de
2007 - atingido os «1,137 mil milhões de euros»!

É OBSCENO! É ESCANDALOSO! Só num país SOCRÁTICO!

PELA DEMOCRACIA, PELA LIBERDADE - POR ABRIL

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  • EM DEFESA DO REGIME DEMOCRÁTICO

Primeiros 50 subscritores:

Abílio Fernandes
Alice Vieira
Álvaro Siza Vieira
António Avelãs Nunes
António Borges Coelho
António Modesto Navarro
Augusto Sobral
Aurélio Santos
Carlos do Carmo
Carlos Humberto Carvalho
Carmen Santos
Fausto Neves
Fernanda Lapa
Gastão Cruz
Guilherme da Fonseca
Hélder Costa
Heloísa Apolónia
Inês Fontinha
Irene Cruz
Isabel Allegro de Magalhães
Jerónimo de Sousa
João Goulão
Joaquim Benite
Jorge Palma
José António Gomes
José Barata Moura
José Casanova
José Ernesto Cartaxo
José Lopes de Almeida
José Luís Borges Coelho
José Morais e Castro
José Saramago
Luís Azevedo
Luís Varatojo
Manuel Carvalho da Silva
Manuel Freire
Manuel Gusmão
Manuel Louzã Henriques
Maria Catarina Baleizão Carmo
Mário Beja Santos
Mário Cláudio
Mário Nogueira
Miguel Urbano Rodrigues
Nuno Grande
Odete Santos
Óscar Lopes
Rita Lelo
Rogério Ribeiro
Urbano Tavares Rodrigues
Virgílio Domingues

ÁLVARO CUNHAL - COUÇO/85

Álvaro Cunhal em contacto com trabalhadores da Reforma Agrária. - Couço 1985

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

CIRCULAR AOS TRABALHADORES RURAIS DE CORUCHE - 1947


«Um rectângulo de arame farpado»

«O campo de concentração do Tarrafal é um rectângulo de arame farpado, exteriormente contornado por uma vala de quatro metros de largura e três de profundidade. Tem duzentos metros de comprimento por cento e cinquenta de largo e está encravado numa planície que o mar limita pelo poente e uma cadeia de montes por Norte, Sul e nascente.» Assim descreve Pedro Soares o campo de concentração para onde foi enviado em Outubro de 1936 e, depois, novamente, em 1940. Com a terra tirada para fazer a vala, foi feito um talude «que se eleva a três metros acima do nível do campo». Lá dentro, prossegue, «há apenas quatro barracões sem higiene, algumas barracas de madeira, nas quais estão instaladas as oficinas e o balneário, uma cozinha, sem condições de asseio, e algumas árvores».No seu relato, o comunista (falecido pouco depois do 25 de Abril num acidente de viação juntamente com a sua companheira Maria Luísa da Costa Dias) destacava ainda que «a falta de vegetação, os montes escarpados, o mar e o isolamento a que os presos estão submetidos, dão à vida, aí, uma monotonia que torna mais insuportável o cativeiro». Como únicos vestígios do mundo, havia o «ar carrancudo dos guardas e das sentinelas negras que vigiam, as cartas das famílias que demoram meses a chegar, e dias a ser distribuídas, os castigos e os enxovalhos, os trabalhos forçados, as doenças e a morte de alguns companheiros».Pedro Soares encontrava-se no grupo de 150 presos que inauguraram, em Outubro de 1936, o famigerado campo. Durante quase dois anos, foram alojados em doze barracas de lona, com sete metros de comprimento por quatro de largo, onde deveriam viver doze homens. «Essas barracas, que o sol e a chuva depressa apodreceram, serviram para nos arruinar a saúde.»


  • A «frigideira»

Se o Tarrafal passa à história como o «Campo da Morte Lenta» muito o deve à famosa «frigideira», uma caixa de cimento para onde eram enviados os presos que ficavam de «castigo». Conta Francisco Miguel, histórico militante comunista, que «lá dentro era um forno» e que «aquela prisão merecia o nome que lhe tínhamos dado». Num impressionante relato, o comunista recordava: «O sol batia na porta de ferro e o calor ia-se tornando sempre mais difícil de suportar. Íamos tirando a roupa, mas o suor corria incessantemente. A "frigideira" teria capacidade para dois ou três presos por cela. Chegámos a ser doze numa área de nove metros quadrados. A luz e o ar entravam com muita dificuldade pelos buracos na porta e em cima pela abertura junto ao tecto.»Mais adiante, Francisco Miguel lembrava que «pouco depois de o Sol nascer já o ar se tornava abafado, irrespirável. Despíamos a roupa e estendíamo-nos no cimento para nela nos deitarmos. O Sol ia-se erguendo sobre o horizonte e o calor aumentava, aumentava e suávamos, suávamos. Sentíamos sede, batíamos na porta a pedir água, mas não tínhamos resposta. A água da bilha não tardava em ficar quente. Havia momentos em que a sede era tanta que passávamos a língua pela parede por onde escorriam as gotas da nossa respiração que ali se condensava. Os dias pareciam infindáveis. Suspirávamos pela noite, pois o frio nos era mais fácil de suportar. Mas pelo entardecer também a sede aumentava. A excessiva transpiração não era devidamente compensada. A "frigideira" matava». Francisco Miguel passou na «frigideira» mais de cem dias. A sua saúde ficou arrasada. Mas, como muitos outros, não cedeu.