"O que diferencia «uma mudança reformista» de «uma mudança não reformista» num regime político, é que no primeiro caso o poder continua fundamentalmente nas mãos da antiga classe dominante e que no segundo o poder passa das mãos dessa classe para uma nova."

quinta-feira, 12 de julho de 2007

O apertar do cerco

O afã no apertar do cerco
É ridículo e é grotesco
O governo é «socialista»
Mas o ambiente é pidesco
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Os bufos estão de volta?
Sou obrigado a estar calado?
Tenho cá a impressão
Que já vi isto em qualquer lado
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Os comentários jocosos
Sobre cursos de engenharia
Dão direiro a um processo
P`ra castigar a ousadia
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Estou de tal forma assustado
Que se vejo alguém no poleiro
Trato-o logo por doutor
Ou então por engenheiro
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Não concordas c`o ministro?
Outra opinião é a tua?
Ah... mas isso é muito grave!
Vais para o olho da rua!
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Regras do trabalho só são boas
Desde que o patrão as aprove?
Pronto, lá vamos nós regressar
Ao bom século XIX
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Já te «trataram da saúde»?
Já nem podes ter esperança?
Então vivam os vampiros
Viva a flexisegurança
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Não regressar ao passado
É preciso e é urgente
O que está a ser chocado
É o ovo da serpente
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Vamos protestar bem alto
E sair do covil
Nem que seja necessário
Outro 25 de Abril

Joaquim Galrito

1 comentário:

Anónimo disse...

Estes versos do Joaquim Galrito, mais coisa menos coisa podiam ter sido escritos e distribuídos clandestinamente no tempo do chefe Salazar (e do seu ministro Luis Alberto de Oliveira). Aposto que a bufaria já mandou uma cópia do poema para o chefe Sócrates.