Dizem os jornais que, por efeito do recente temporal, milhares de famílias ficaram sem electricidade durante três dias.
À primeira leitura, a notícia parece normal: sabemos a força e a intensidade do temporal que flagelou o País de Norte a Sul, os prejuízos que causou, os danos que provocou.
No entanto, milhares de famílias (não uma nem duas: milhares!) sem electricidade três dias (não três horas, nem um dia: três dias!) é muita gente, durante muito tempo, a ficar privada de um serviço essencial. Um serviço que, aliás, é pago a peso de ouro, como sabem, todos os meses, os utentes da EDP – e mais e pior ficarão a saber com os novos aumentos acabados de chegar.
Acresce que, para mal dos orçamentos da imensa maioria dos portugueses, a empresa gerida por António Mexia – que, ali, dá corpo a uma «gestão de excelência», como todos os dias nos garante quem de direito – pratica os preços de electricidade mais elevados em toda a União Europeia.
Facto que explica luminarmente, em primeiro lugar, o segredo da «excelência» da gestão do afamado gestor; em segundo lugar, a razão pela qual a EDP obtém lucros fabulosos (800 milhões de euros só nos três primeiros trimestres de 2012); e, finalmente, a razão pela qual ele é um dos gestores mais bem pagos: qualquer coisa como dois milhões de euros/ano.
Ora, face ao temporal dos últimos dias, nem os lucros fabulosos, nem a «excelência» da gestão, nem os dois milhões/ano, livraram milhares de famílias de ficar sem electricidade durante três dias. Pelo que alguma coisa está mal. E estou em crer que o mal é de raiz, ou seja, começa com o facto de os trabalhadores portugueses, que ocupam a frente do pelotão da frente dos mais mal pagos na União Europeia, serem os que pagam a electricidade mais cara. Porque isto anda tudo ligado…
É claro que o gestor Mexia não tem quaisquer culpas na situação acima referida. Ele não é gestor para gerir minudências como seja evitar ou menorizar situações como a que o temporal provocou. Ele está lá para, energicamente, aumentar e aumentar os preços da energia, os lucros da EDP e os dois milhões/ano. Ou seja: para aumentar e aumentar a «excelência» da sua gestão.