"O que diferencia «uma mudança reformista» de «uma mudança não reformista» num regime político, é que no primeiro caso o poder continua fundamentalmente nas mãos da antiga classe dominante e que no segundo o poder passa das mãos dessa classe para uma nova."

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Este sim merecia ter um Busto! FRENTE À CÂMARA DE CORUCHE

Nasceu no Alto de Sto. Antonino em Janeiro de 1887, Filho de José Ferreira e Leonor Maria.

Trabalhador rural de Coruche, Manuel Ferreira Quartel é contemporâneo do nascimento e agonia da I República e, obviamente, da ascensão e queda do sindicalismo revolucionário em Portugal.
Fundador e dirigente da Associação de Classe dos Trabalhadores Rurais de Coruche, da Cooperativa “A Solidária” e da “Caixa Mutualista”; fundador e dirigente da Federação Nacional dos Trabalhadores Rurais; Fundador e Dirigente do Partido Comunista Português, Ferreira Quartel foi um dos mais destacados sindicalistas portugueses durante a I República.
Os seus contemporâneos dizem-no de trato afável, sensato, expondo com clareza e simplicidade, a que não faltava uma certa ironia. Num país em que a taxa de analfabetismo era em 1911 de 75,1% (no distrito de Santarém era de 79.9%), mais elevada ainda no campo, saber ler e escrever era uma raridade. Ferreira Quartel fazia parte dessa minoria letrada. Escreve, e escreve muito, colaborando quer nos órgãos sindicais, como O Trabalhador Rural, O Sindicalista, A Internacional, quer nos órgãos político – ideológico, como o Germinal, Anarquista de Setúbal, A Aurora, Anarquista do Porto, O Comunista, órgão central do PCP.
O tema principal dos seus escritos é a “Questão Agrária” e a organização sindical dos trabalhadores rurais. Dentro do Movimento Sindical e do PCP ele tornou-se um especialista nesta matéria.
Manuel Ferreira Quartel funda a Associação dos Trabalhadores Rurais de Coruche logo após a implementação da I República (5 de Outubro de 1910), mais precisamente em 1 de Janeiro de 1911. A Associação englobava os trabalhadores rurais não só da vila, mas também dos povo vizinhos, como Erra, Santa Ana, Azervadinha, Biscainho, Fajarda e Valverde. A sede era na vila, assim como a da Cooperativa, e tinha secções na Erra, Couço e Lamarosa. Iniciada com 300 associados, em breve a Associação atingiu os 600 sócios.
Em Julho de 1911 Ferreira Quartel dirige a primeira greve dos trabalhadores rurais de Coruche, os quais conseguem não só um acentuada elevação dos seus magros salários, como também a regulamentação do horário de trabalho.
No ano seguinte Ferreira Quartel funda a Cooperativa “A Solitária” e a “Caixa Mutualista”, para prestar auxílio aos seus associados em caso de doença, desemprego ou prisão. E em Julho desse mesmo ano encabeça a mais importante greve, colocando os rurais de Coruche na vanguarda das lutas dos Trabalhadores agrícolas de então.
Em Agosto participa e preside ao I Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais, que tem lugar em Évora, e onde é constituída a Federação Nacional dos Trabalhadores Rurais.
A sua acção e a actividade da Associação despertam a ira das autoridades republicanas que, em 1913, encerram a Associação e prendem 30 trabalhadores rurais, que são encarcerados na cadeia do Limoeiro, em Lisboa, onde são mantidos durante quatro meses sem culpa formada. A seguir é preso Manuel Ferreira Quartel. Levado para o Governo Civil de Santarém, ali é mantido incomunicável 27 dias. Depois é transferido para o Governo Civil de Lisboa, onde permanece mais 18 dias, findos os quais é removido para a cadeia do Limoeiro
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Libertado, Ferreira Quartel retoma o seu lugar na Associação e na Federação, participando no seu II Congresso (Évora, 1913), no III Congresso (Lisboa, 1919), onde apresenta a tese Cooperativismo na Classe Rural. Entretanto, representa a Federação em vários congressos operários nacionais e estrangeiro.
Depois do golpe de Estado de Sidónio Pais (1917) Ferreira Quartel fixa-se em Lisboa, passando a trabalhar no Asilo situado onde é hoje o Hospital dos Capuchos, que era então dirigido pelo seu amido Dr. Sobral Campos.
Manuel Ferreira Quartel é um dos fundadores do PCP em 1921 e activo partidário da Internacional Sindical Vermelha (ISV), cuja sede era em Moscovo. Participa no I Congresso do PCP (Novembro de 1923), intervindo nos debates sobre a tese “A Questão Agrária”, onde abordou a experiência de exploração colectiva da terra de Coruche. Além disso, dá um apoio decisivo ao ressurgimento da Associação de Classe dos Trabalhadores Rurais de Coruche, apesar de estar em Lisboa, e é por eles nomeado seu delegado no III Congresso Nacional Operário (Covilhã, 1922), onde defende as teses da ISV.
Ferreira Quartel tem também um importante papel no apoio aos sindicatos rurais (associações de classe, como era então designadas os sindicatos) que iam optando pelo ISV, como foi o caso de Coruche, Beja e Vale de Vargo. Foi membro da Comissão Central do PCP e seu secretário interino, quando Carlos Rates, secretário-geral do PCP, abandonou o Lugar. Foi candidato a deputado pelo PCP nas eleições de 1925 pelo círculo de Beja.
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Eis a biografia de um Ilustre Coruchense este Sim merecia ter um Busto! Frente à Câmara de Coruche.

6 comentários:

Anónimo disse...

Ora aí está um Homem que honra Coruche e os coruchenses!
Pedro: tens razão quando dizes que este, sim, é que devia ter um busto no Largo da Câmara. E se, a partir do teu blog, lançasses uma petição, nesse sentido? Eu assino e conheço muita gente que assinará - e tu, certamente, conheces muita gente que fará o mesmo; e os visitantes do teu blog também. Vamos a isso?
Ou então que os eleitos da CDU façam uma proposta na Assembleia Municipal. Ou as duas coisas.
Um abraço fraterno.

Anónimo disse...

e porque não? Eu tb assino!

Eles tremiam...

Anónimo disse...

Eu assino porque esse é um homem que não se representa apenas a si próprio.~Representa e personifica em si a luta de um povo inteiro pelo direito à Liberdade. Um Homem pela Humanidade, não um cobarde subserviente.

Fernando Samuel disse...

MANUEL FERREIRA QUARTEL: um grande Coruchense, um grande Lutador, um grande Homem. Infelizmente muito esquecido - até pelos que o admiram e dão continuidade à sua luta. É tempo de o homenagearmos condignamente, e a ideia do busto é magnífica. Vamos a isso.

Juvenal disse...

Esta biografia não está um pouco incompleta?
Falta preencher as reticências.

O que fez depois?
Onde viveu?
Teve família?
Quando morreu?

Anónimo disse...

exige-se uma petição e uma votação na assembleia municipal. aí veremos quem é contra ou a favor.