"O que diferencia «uma mudança reformista» de «uma mudança não reformista» num regime político, é que no primeiro caso o poder continua fundamentalmente nas mãos da antiga classe dominante e que no segundo o poder passa das mãos dessa classe para uma nova."

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

No top 10... da pobreza

No top 10... da pobreza

Em vésperas da cimeira informal de chefes de Estado e de governo que, hoje e amanhã (18 e 19 de Outubro), vai debater em Lisboa um documento que dá pelo nome de Vision Paper – o que traduzido à letra dá qualquer coisa como «Papel Visionário» –, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou um relatório onde se afirma que Portugal está no rol dos dez países com uma taxa de pobreza superior à média europeia.
Em vésperas da aprovação do Vision Paper, onde se afirma que «a Estratégia de Lisboa para o crescimento e o emprego (...) permitirá criar a riqueza necessária para concretizar na prática valores essenciais da Europa de inclusão social e de solidariedade europeia e internacional», os dados do INE vêm atestar que Portugal é o país da União Europeia onde é maior o fosso entre ricos e pobres.
Em vésperas de mais uma encenação sobre o radioso futuro da UE, o INE veio revelar que o rendimento dos dois milhões de portugueses mais ricos é quase sete vezes superior ao rendimento dos dois milhões de portugueses mais pobres, e que há dois milhões de portugueses no limiar da pobreza, ou seja, a (sobre)viver com cerca de 12 euros por dia. Esta situação, revela ainda o relatório, traduz uma tendência que se arrasta há mais de 10 anos, mais propriamente desde 1996, apesar de todos os anos os governantes dizerem ao País, como mais uma vez se afirma no Vision Paper, que os seus objectivos políticos visam melhorar as condições de vida dos cidadãos, lutar contra a pobreza, criar empregos e levar a cabo reformas económicas de forma sustentada.
No dia em que o INE veio revelar que 32% da população activa entre os 16 e os 64 anos seria pobre se não dispusesse de apoios do Estado, nesse dia, o primeiro-ministro Sócrates não veio a público falar de rankings como fez a semana passada a propósito das notícias sobre o «governo electrónico», que colocam Portugal em 3.º lugar quanto a «disponibilidade dos serviços públicos on-line» e em 4.º lugar quanto à «sofisticação desses serviços». Terá sido porque a sopa dos pobres ainda não está disponível na Internet?

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