"O que diferencia «uma mudança reformista» de «uma mudança não reformista» num regime político, é que no primeiro caso o poder continua fundamentalmente nas mãos da antiga classe dominante e que no segundo o poder passa das mãos dessa classe para uma nova."

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Elas aí estão

Elas: as sondagens.
Houve quem pensasse e escrevesse que, após o clamoroso escândalo sondageiro nas eleições europeias, nada iria continuar como até aí. E, de facto, nas semanas seguintes elas meteram a viola no saco, caladinhas que nem ratas ou assobiando para o lado. Talvez por vergonha – pensou-se.
Mas tratava-se, tão somente, de uma manobra táctica.
E elas aí estão, novamente. Gémeas das que as europeias desmascararam, ei-las de regresso às primeira páginas dos jornais, sem vergonha nem pudor, como se o que aconteceu não tivesse acontecido – e, outra vez, não a dizer-nos como os eleitores pensam ir votar, mas a dizer aos eleitores como devem votar.
Ao fim e ao cabo cumprindo o papel que lhes está destinado enquanto instrumentos de propaganda eleitoral cuja tarefa é procurar encaminhar o voto ao sabor dos interesses de quem as encomenda e paga.
Porque é isso que as sondagens são, na maioria dos casos: instrumentos de influenciação da opinião, do voto – das ideias - dos cidadãos.
Isto porque elas são parte integrante do arsenal propagandístico através do qual o sistema capitalista constrói e difunde a sua ideologia – e justifica as sua acções.
E assim é em todo o lado onde o capitalismo domina, como todos os dias podemos constatar.
Um exemplo: uma sondagem, divulgada no dia a seguir às eleições no Irão, «informava» que «75% dos iranianos» desejavam, ou viam com bons olhos, uma aproximação do seu país com os EUA – aqui temos uma sondagem mesmo-mesmo a calhar para a leitura mediática dos acontecimentos que se seguiram à contagem dos votos…
Outro exemplo: sondagens hondurenhas «informaram» que o apoio ao presidente Manuel Zelaya «desceu para cerca de 30 por cento nos últimos meses» - aí está uma sondagem mesmo-mesmo a calhar para os golpistas que depuseram o presidente e, em simultâneo, para os média que, em todo o mundo, propagandeiam os golpistas e dizem que o golpe militar foi «legal» porque o referendo era «ilegal»…
Daqui até 27 de Setembro elas suceder-se-ão e as suas «previsões» dir-nos-ão quais os resultados que mais interessam ao grande capital.
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1 comentário:

Anónimo disse...

Mais um excelente artigo de opinião.
Um Abraço