"O que diferencia «uma mudança reformista» de «uma mudança não reformista» num regime político, é que no primeiro caso o poder continua fundamentalmente nas mãos da antiga classe dominante e que no segundo o poder passa das mãos dessa classe para uma nova."

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

“O Jornal de Coruche” TRESANDA! a 28 de Maio 1926!

Na última edição Agosto/07 abundam as citações de Salazar, artigos e crónicas saudosista de todo o período anterior ao 25 Abril e a promoção e branqueamento de figuras e personalidades, comprovadamente comprometidos com o fascismo

O Destaque desta edição vai para a Entrevista a Joaquim Gusmão apresentado como cidadão honorário de Coruche. – Atribuído pela Câmara Municipal (eleita por quem?) em 1969.
Seguem-se alguns excertos (caricatos e elucidativos) da extensa entrevista conduzida pelo jovem director (empenhado em ressuscitar os principais protagonistas que "reinaram" no concelho de Coruche durante o regime fascista.)
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“conseguimos colocá-lo a funcionar num domingo de Páscoa. Para ver os sacrifícios que nessa altura (1957) se faziam. Se alguém hoje é capaz de fazer trabalhar um engenheiro ao Domingo?! Quanto mais ao Domingo de Páscoa.”
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JC – Nessa altura ainda não tinha tido muito contacto com Coruche?
“não conhecia ninguém em Coruche. Só conhecia algumas pessoas de nome, como a família Teixeira ou a família Patrício, mas não conhecia ninguém. Mas como havia relações pessoais através do Dr. Rapazote que era muito amigo do meu sogro em Évora, foi fácil a minha entrada por aí, em Coruche.”

“posso ter-me incompatibilizado com algum individuo ou algum colega que não queria trabalhar, agora com aqueles que precisavam do meu trabalho não houve problemas.”
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“em dada altura no tempo do Salazar, as obras da rega pararam um pouco, e aí o Eng. Trigo de Morais deve ter tido alguma responsabilidade, porque havia a ideia que se fizessem as obras da rega havia uma natural divisão da terra, porque quem tivesse muitos hectares de terra não tinha capacidade, organização, pessoal e máquinas para fazer tudo logo, isto é, cultivar em regadio muitos hectares de terra por ano, o que convenceu o Salazar, os economistas, e se calhar eu também.”
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“o único problema grave foi o desastre de Chernobyl, estavam os ministros todos fora e estavam umas ovelhas que vinham de lá para entrar em Portugal e tive que as colocar em quarentena.”

“a culpa do muito falado “funcionalismo público” foi deles, veja-se JCI, o tal organismo que queria fazer a colonização e a divisão das propriedades, até chilenos meteram.”
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“ esses homens estiveram-me a lavar o cérebro das 9 ao meio-dia, par que eu autoriza-se que se metesse no Alentejo 500 regentes agrícolas. Sabe para quê? Para ir ajudarem os empresários comunistas e socialistas que lá meteram e que nada percebiam de agricultora, e queriam lá colocar os regentes agrícolas do estado para os ensinarem.”
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JC – Conheceu o Prof. Salazar?
“não, nunca o conheci. Reuni muitas vezes com Prof. Marcello Caetano que era um homem superior”
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4 comentários:

Anónimo disse...

Desculpem lá mas, essa cena das ovelhas das duas uma: ou é senilidade ou é gozar com a nossa cara.

Anónimo disse...

e aquela "esses homens estiveram-me a lavar o cérebro", isto é surreal

Anónimo disse...

á este o jornal de Coruche, é este o jornal que dá mais destaque ao regime de Salazar e suas personalidades, do que a noticias do próprio concelho. Faz me confusão um jovem, um director de jornal, um homem com estudos, um ser tão democrático, ser tão … (não consigo definir)

Anónimo disse...

este edição deste mês é de gozo é de rebolar a rir, tem graça!!! ( e não têm graça nenhuma!!!)
ñ sei se me fiz entender!