"O que diferencia «uma mudança reformista» de «uma mudança não reformista» num regime político, é que no primeiro caso o poder continua fundamentalmente nas mãos da antiga classe dominante e que no segundo o poder passa das mãos dessa classe para uma nova."

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

De vermelho, naturalmente

Seis anos depois dos terríveis atentados que enlutaram o povo norte-americano e abalaram as expectativas de todos os povos do mundo num futuro de paz e solidariedade, o balanço dos resultados da política da Casa Branca pode ser expresso em duas palavras: destruição e morte.
Num momento em que Bush regista os mais baixos índices de popularidade de sempre, tanto dentro como fora dos EUA, e quando praticamente já só é citado para a reprodução das suas monumentais gaffes, não há manipulação que chegue para dourar a amarga pílula da realidade: o mundo está mais perigoso, mais desequilibrado, mais injusto. As desigualdades foram agravadas, as condições de trabalho e de vida de grande parte da população mundial estão a ser niveladas por baixo (de tal forma que se registam já retrocessos civilizacionais), as liberdades estão cada vez mais condicionadas, a corrida aos armamentos voltou à ordem do dia. Os países e povos que ousam desafiar a ordem internacional imposta pelo imperialismo norte-americano estão sob ameaça. Os recursos do planeta estão a saque.
Não é por acaso – nem só pela piada – que o «best of» dos piores momentos de Bush, a circular na Internet, batem todos os recordes de audiência, como é o caso da compilação disponível no YouTube sob o título «Será Bush um idiota?», com cerca de um milhão e meio de entradas, ou um outro, no mesmo endereço e também com o presidente norte-americano como tema, que já foi visto por cerca de dois milhões de pessoas.
Também não terá sido por acaso que, na véspera da comparência do comandante das forças dos EUA no Iraque, general David Petraeus, perante o Congresso, foi divulgada uma sondagem realizada pelo USA Today/Gallup em que 60% dos inquiridos querem fixar a data para a retirada das tropas daquele país. Outra sondagem (New York Times/CBS), revela que apenas 5% dos norte-americanos ainda acreditam que Bush irá ganhar a guerra. E uma outra, levada a cabo no Iraque pela BBC/ABC, dá conta que 85 % dos iraquianos têm pouca ou nenhuma confiança nas tropas americanas ou britânicas, enquanto entre 67 e 70 % consideram que o aumento das tropas pela administração Bush só piorou a situação.
Se a tudo isto se acrescentar que a «boa nova» levada ao Congresso pelo general Petraeus foi que é possível retirar cerca de 30 mil soldados do Iraque até meados de 2008, o que significa voltar ao nível de ocupação de 2006, ou seja, a manutenção no terreno de cerca de 130 mil soldados americanos, compreende-se que nas galerias se tenha ouvido repetidamente gritos de «tragam as tropas de volta para casa!». Por três vezes, o presidente da Comissão das Forças Armadas, o democrata Ike Skelton, ordenou aos seguranças que retirassem da sala as mulheres de vermelho que gritavam slogans contra a guerra. Para o bom andamento dos trabalhos, não para a paz das consciências.
É que nos EUA, como no resto do mundo, a História não acabou e a luta continua, e continua a vestir-se de vermelho. Naturalmente.
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1 comentário:

Anónimo disse...

Como dizia o camarada ÀLVARO CUNHAL e passo a citar "eles fazem o mal e a caramunha".Os que hoje dizem ter sido enganados,obriguem a que a verdade seja reposta.
Nós ajudamos, apesar do "CÒBOY" numca nos ter enganado.
José Manangão