"O que diferencia «uma mudança reformista» de «uma mudança não reformista» num regime político, é que no primeiro caso o poder continua fundamentalmente nas mãos da antiga classe dominante e que no segundo o poder passa das mãos dessa classe para uma nova."

quinta-feira, 25 de abril de 2013

ARTIGO DE ÁLVARO CUNHAL ESCRITO EM 1994


A revolução de Abril 20 anos depois




No âmbito das comemorações dos 39 anos do 25 de Abril, a Comissão das Comemorações do Centenário disponibiliza o artigo escrito por Álvaro Cunhal Artigo e publicado na revista «Vértice» nº 59, Março/Abril de 1994 e reeditado na 2ª edição de «A Revolução Portuguesa - Passado e Futuro».
O artigo começava assim, "Com a aproximação de 20 anos decorridos desde 25 de Abril de 1974, multiplicam-se as iniciativas ligadas à comemoração da data. Discute-se o quadro das comemorações oficiais. Partidos políticos e comentadores de todos os quadrantes alargam o espaço às mais variadas opiniões sobre a matéria. Uma tónica tende a aparecer dominante na comunicação social: reescrever a história, branquear o mais possível o passado fascista, denegrir o essencial da revolução democrática, falsear papéis e responsabilidades e pretender não só explicar mas justificar a política antidemocrática actual e a gravíssima situação que está a criar ao país.
A resistência ao governo de direita e a luta por uma alternativa exigem no momento presente uma rearrumação de forças não coincidente com a sua arrumação ao longo dos últimos 20 anos e particularmente em momentos cruciais da revolução e do processo contra-revolucionário. Relativamente à revolução de Abril, a instauração e institucionalização do novo regime, as ofensivas antidemocráticas, continuam a existir sérias divergências entre as diversas forças políticas e entre participantes (civis e militares) que tiveram destacado papel nestes anos da vida nacional Um esforço é necessário para que tais divergências não sejam obstáculo à convergência democrática actualmente necessária. Sucede porém que ao comemorar-se o 20.° aniversário da revolução, cada qual expressa as suas opiniões. Muitos o estão fazendo. Também da nossa parte é obrigação fazê-lo. Para que se respeite a verdade histórica. E porque no nosso entender o futuro de Portugal democrático só com os valores de Abril pode ser assegurado".

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