"O que diferencia «uma mudança reformista» de «uma mudança não reformista» num regime político, é que no primeiro caso o poder continua fundamentalmente nas mãos da antiga classe dominante e que no segundo o poder passa das mãos dessa classe para uma nova."

quinta-feira, 6 de maio de 2010

120 anos depois...

(Grécia)

Tudo indica que as celebrações do 1.º de Maio foram no plano mundial uma grande jornada de festa e de luta. 120 anos depois da sua consagração como Dia Internacional do Trabalhador, o 1.º de Maio permanece como ponto de convergência e bandeira de luta contra a exploração e opressão capitalista e por uma vida melhor.
Assim aconteceu em Portugal onde por todo o país soou bem alto a oposição dos trabalhadores à ofensiva brutal contra os seus direitos e condições de vida que o PEC significa. E assim aconteceu também na América Latina, nomeadamente em Havana com a poderosa manifestação de massas que, na sequência das eleições para o poder popular, confirma a determinação do povo cubano de defender a sua revolução socialista; na Turquia, na Palestina, na Índia e em numerosos países da Ásia e África; em Espanha, França, Alemanha, Grécia e na generalidade dos países da Europa, apesar do peso do sindicalismo reformista.

Na Grécia as manifestações do 1.º de Maio constituíram uma nova e forte expressão da persistente e corajosa resistência dos trabalhadores à brutal ofensiva contra as suas condições de vida e os seus direitos, resistência em que os comunistas e o sindicalismo de classe organizado na Frente Militante de Trabalhadores (PAME), desempenham papel fundamental. Trata-se de uma luta cuja importância ultrapassa as fronteiras do país, que diz respeito a todos os trabalhadores, nomeadamente aos trabalhadores portugueses, não apenas porque estão também sob o fogo do capital financeiro e são alvo das mesmas receitas brutais que a «grande» Alemanha, a União Europeia e o FMI estão a exigir à Grécia e que o governo «socialista» se propõe implementar, mas porque os trabalhadores gregos estão neste momento na primeira linha de um combate de classe que é também um combate de civilização, tão grave é a regressão que aí se procura impor e estender a outros países. O eventual triunfo do grande capital financeiro (de que a Standard & Poor`s e demais agências de rating são meros instrumentos) na duríssima prova de força que se verifica na Grécia, encorajaria a reacção e tornaria muito mais difícil resistir à política de salame com que as classes dominantes pretendem destruir conquistas históricas dos trabalhadores e dos povos.

Na Grécia, como em Portugal, não está só em causa (e já seria muitíssimo) o propósito de fazer pagar à classe operária e a quem trabalha as fabulosas injecções de capital usadas para salvar a Banca e os lucros dos monopólios e que são a principal causa de endividamento dos estados. Está sobretudo em causa a concretização de projectos de grande alcance, que cresceram com as derrotas do socialismo e que têm vindo a ser metodicamente aplicados visando institucionalizar recuos de dimensão histórica em matéria de repartição do rendimento, contratação colectiva, horário de trabalho, idade de reforma, segurança social, direitos sindicais, tudo quanto rebaixe o preço da força de trabalho.

O 1.º de Maio foi uma grande jornada de convergência de lutas e de solidariedade internacionalista. É nesse caminho que é necessário continuar. Os 120 anos decorridos desde a histórica decisão de internacionalizar a data dos dramáticos acontecimentos de Chicago, mostram que não há outro. Os grandes avanços libertadores desde então verificados – primeiros empreendimentos de construção do socialismo, conquistas dos trabalhadores nos países capitalistas, derrocada dos impérios coloniais, derrota do nazi-fascismo e outras – exigiram organização, luta, sacrifícios, rupturas, saltos revolucionários.
É tendo isto bem presente que concentramos forças nas batalhas imediatas, damos a nossa activa contribuição para que a manifestação nacional de 29 de Maio anunciada pela CGTP seja uma grande acção de massas, expressamos aos trabalhadores da Grécia e a quantos resistem à ofensiva do capital a activa solidariedade dos comunistas portugueses.

Sem comentários: