"O que diferencia «uma mudança reformista» de «uma mudança não reformista» num regime político, é que no primeiro caso o poder continua fundamentalmente nas mãos da antiga classe dominante e que no segundo o poder passa das mãos dessa classe para uma nova."

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Por tempo indeterminado

A União Europeia tem sido construída, do início até agora, num processo de permanentes atropelos aos princípios democráticos e no qual os povos não são ouvidos nem achados para nada.

Melhor dizendo: se os povos estiverem predispostos a dizer «sim» aos intentos dos «construtores», tudo bem: vamos lá ouvi-los e decidir «democraticamente»...; se há indícios, ainda que ténues, de a resposta ser um «não», aí a coisa fia mais fino e então os «construtores» avançam sem ouvir ninguém –

Lembramo-nos do que aconteceu com o Tratado Porreiro, pá!: quando se pensava que toda a gente o iria aprovar e aplaudir, todos os «construtores» juravam que ia haver referendo – «para que fosse dada a palavra ao povo», «para que o povo expressasse democraticamente a sua opinião»:blá-blá-blá…

Contudo, mal se aperceberam que as coisas podiam dar para o torto – isto é que os povos talvez votassem «não» – meteram os travões às quatro rodas e… não há referendo para ninguém.

Porquê? Eles, desavergonhadamente, confessavam: «porque o “não» vai vencer»…

E o Tratado foi aprovado… «democraticamente» – a confirmar que para estes «democratas», eleições sim, mas só se tiverem a vitória previamente assegurada.

Exemplos semelhantes de desrespeito e afronta à democracia há-os aos centos, para todos os gostos e feitios e capazes de agradar a todos.

E, sendo a União Europeia um projecto todo concebido e executado à medida exacta dos interesses do grande capital, não só não surpreende que assim seja, como é mister dizer-se que de outra forma não poderia ser.

Agora, com a «crise», estes «democratas» estão a exibir uma nova faceta do seu conceito de «democracia»: a Grécia bateu no fundo?: pronto: os «construtores» ordenam que se forme um novo governo para o qual designam, desde logo, um primeiro-ministro escolhido por eles; a Itália está a afundar-se?: pronto: aí está um primeiro-ministro da confiança dos «construtores» pronto para a função – e mais o que adiante se verá…

E o tão badalado «sufrágio universal, pilar da democracia»?

Bom, esse, para já, fica de molho. Por tempo indeterminado.

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