O que se está a passar na Europa vai originar matéria de assombro e desprezo na História dos vindouros.
Na Grécia, os juros dos empréstimos nos «mercados» já atingiram os 100% esta semana. Supomos que nem a Mafia, com as suas usuras selvagens (ou talvez só ela) terá chegado a tal absurdo.
A não ser que a Europa mergulhe repentinamente na Alta Idade Média, no século XI, quando os camponeses trabalhavam toda a vida para o senhor feudal a troco de umas malgas de caldo e um tecto de colmo, sendo vendidos com a terra quando esta passava de mãos (e passou, Cruzadas fora para Jerusalém com multidões de nobres em busca de melhores cabedais, do que os esmifrados à terra e aos camponeses).
Pois o que esta União, dita Europeia, está a querer impor à Grécia é um mergulho abrupto na Alta Idade Média, com os dez milhões de gregos amarrados a uma dívida externa que, por mais que se pague, será sempre o dobro que se fica a dever.
Para se ter uma ideia da monumental burla que paira sobre a UE, recordemos o episódio dos «máximos».
Há pouco mais de um ano a Grécia entrou «no vermelho», viu os seus empréstimos «nos mercados» atingirem os 7%, e decorrente entrada da troika em Maio de 2010. Passado um ano, eis os resultados estatísticos: o PIB baixou 7,5% no segundo trimestre deste ano e o desemprego «saltou» de 8 para 16%. Apenas o dobro...
Pois esse «máximo» dos 7% foi abundantemente invocado em Portugal como percutor da temida «bomba troika».
Passou um ano e o nosso País foi subindo paulatinamente dos 7% até aos 14, os 16% e até os 20% nos juros dos empréstimos internacionais, e com troika ou sem troika por aqui continuamos.
Quanto à Grécia, que já ultrapassou a «barreira» (!?) dos juros em dobro, está de novo ameaçada com a «bancarrota» e a «expulsão do euro» – coisa, aparentemente, desejada pela Alemanha e penduricalhos – enquanto a mesma Alemanha vai declarando que «a união monetária é indispensável à Europa».
Só não disse a quem era «indispensável» – aos banqueiros e especuladores alemães, que têm concedido empréstimos usurários aos países agarrotados (Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha e Itália), enquanto compram dinheiro a juros quase nulos.
Com este enquadramento, é natural que todos os banqueiros e «investidores» continuem a bater-se pelo euro e pela União Europeia. Compreende-se: tem sido com a implacável manutenção do euro como «moeda forte» que esta gente tem continuado a encher as tulhas à custa dos «periféricos» e quejandos, após o desastre fragoroso que provocaram com o subprime.
Todavia, a União Europeia e a sua moeda única estão já tão condenadas, que até comentadores das mais insuspeitas origens ideológicas lhes vaticinam a queda, com todo o desassombro.
Pelos vistos, resta esperar pelo miúdo da fábula a gritar que «O REI VAI NU!!!»...
Aí, inevitavelmente, as massas saltarão para a rua e levarão esta gentalha toda à frente.
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