"O que diferencia «uma mudança reformista» de «uma mudança não reformista» num regime político, é que no primeiro caso o poder continua fundamentalmente nas mãos da antiga classe dominante e que no segundo o poder passa das mãos dessa classe para uma nova."

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Trabalhadores repudiam os "testa de ferro" de Chora

Os trabalhadores da Autoeuropa não deram qualquer lugar à lista do coordenador demissionário, que negociou o pré-acordo para tornar os sábados em dias normais de trabalho. As três listas mais votadas tiveram resultados muito próximos.


A lista F, encabeçada por Fernando Sequeira, que substitui o dirigente do BE António Chora na coordenação, no início do ano, teve apenas 2% dos votos, não elegendo qualquer membro, numa votação que decorreu no dia 3 de Outubro, entre o final da tarde e o início da noite. Nas eleições de 2015, a lista A, então liderada por Chora, recolheu quase 60% dos votos e elegeu sete dos 11 membros.

A lista E foi a mais votada no escrutínio de ontem, com cerca de 30% dos votos e quatro eleitos, enquanto as listas D e C (integrada por activistas e dirigentes do SITE-SUL/CGTP-IN) elegeram ambas três membros, com uma votação acima dos 26%. O 11.º representante foi eleito pela lista A, integrada por trabalhadores dos escritórios da empresa.

A nova comissão de trabalhadores tem pela frente, já no imediato, a responsabilidade de enfrentar a intenção da administração da fábrica de Palmela de impor o sábado como dia normal de trabalho. O pré-acordo negociado durante o Verão foi chumbado em referendo por cerca de 75% dos trabalhadores.



A empresa tem um longo historial de ingerência na estrutura desde a sua origem, como testemunhou um antigo director de Recursos Humanos, em 2000, num artigo na Análise Social – com a produção de falsos comunicados em nome dos trabalhadores, interferência na composição da comissão de trabalhadores e reuniões preparatórias entre a administração e o então coordenador, prévias aos processos negociais.

Apesar da derrota da lista do coordenador demissionário, que vinha de uma linha de continuidade desde 1994, não é expectável que a administração da fábrica da Volkswagen em Portugal abandone as suas práticas históricas.

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