Nelson Mandela, o mais destacado dos patriotas sul-africanos que derrotaram o odioso regime de apartheid, morreu ontem em Joanesburgo, África do Sul.
Lutador incansável pela liberdade do povo sul-africano, dedicou toda a sua vida à organização da luta dos explorados e oprimidos da África do Sul, defendeu sempre a unidade de todos os trabalhadores, independentemente da sua cor ou raça, como condição indispensável para a sua libertação.
Tendo aderido muito jovem ao Partido Comunista Sul-africano, trabalhou com outros jovens, comunistas e não comunistas - entre os quais é de destacar Joe Slovo (1926-1995) - pela organização da força unitária que veio a ser o Congresso Nacional Africano (ANC).
Nelson Mandela não descartou nenhuma forma de luta, tendo sido com naturalidade que foi escolhido em 1961 para 1º Comandante da Lança da Nação, organização militar do ANC.
Preso no final de 1962 foi condenado em Outubro de 1963 a prisão perpétua, acusado com mais sete companheiros de ter participado em mais de 150 acções de luta armada. Cumpriu 28 anos de prisão, a maior parte dos quais em regime de trabalhos forçados.
A determinação e a firmeza com que defendeu os princípios das organizações em que militou e a que dedicou a vida tornaram-no o símbolo da luta do seu povo, e granjearam-lhe o ódio pessoal de governos imperialistas e reaccionários como os do Reino Unido, dos EUA e de Portugal - chefiado por Cavaco Silva, expresso nomeadamente na votação conjunta na Assembleia da ONU contra a libertação de Nelson Mandela, então já com mais de vinte anos de prisão cumprida. Se os EUA o classificaram como terrorista, em contrapartida os seus atributos de combatente conquistaram para a luta contra o apartheid a solidariedade da URSS e outros países socialistas e também dos povos do mundo que, por mais de uma vez, se mobilizaram massivamente para apoiar a luta do ANC e pela libertação dos seus presos, com destaque para a figura mundialmente admirada de Nelson Mandela.
Libertado em 2 de Fevereiro de 1990, Nelson Mandela veio a ser o primeiro Presidente da República da África do Sul libertada do regime de apartheid.
Embora seja certo que o fim da discriminação racial está ainda longe de significar o fim das injustiças, desigualdades e outras formas de discriminação no seu país, o enorme avanço que representou num longo processo de libertação e emancipação ainda a percorrer constitui uma das grandes epopeias de luta dos povos de todo o mundo, e a ela ficará sempre ligada figura heróica e moralmente exemplar de Nelson Mandela.
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