O que é um acordo de salvação nacional? O que significa salvar o País? O que se quer salvar? Quem se quer salvar?
Os políticos do PSD, PS e CDS que negoceiam umas frases para um papel onde ficará timbrado o percurso para essa dita salvação nacional são os dirigentes dos partidos responsáveis pelo percurso político de Portugal nos últimos 30 anos. São estes os partidos que levaram o Estado, oito vezes secular, à ruína, à perda de independência económica e ao abandono de uma parte da sua soberania política.
Os líderes do PSD, PS e CDS, que discutem agora como erguer os três pilares que suportarão o edifício da suposta salvação nacional, são dirigentes dos mesmos partidos que a golpes de incompetência, ganância, corrupção e inconsciência arruinaram a administração central, empurraram milhares e milhares de pessoas para o abismo da miséria e criaram no seu estômago a fome voraz, monstruosa, que só foi saciada com o alimento do crime económico e financeiro, como denunciam os nomes PPP, BPN ou swaps.
Estes são partidos onde medrou gente que na política, nas empresas e no mundo financeiro utilizou abusivamente dinheiros europeus, banalizou faturas falsas, cultivou fugas aos impostos, a “contabilidade criativa”, promoveu a construção desenfreada, os atentados ecológicos e urbanísticos, a dependência excessiva do crédito e mais e mais e mais…
Os negociadores do PSD, PS e CDS são dirigentes de partidos que precisam de ser salvos, perdidos na imoralidade carreirista, na servidão aos interesses externos, na dependência eleitoralista, na ambição pequenina, na mediocridade dos seus quadros, no caciquismo dos seus autarcas.
O Presidente da República pediu, com urgência, para estes partidos salvarem Portugal mas eles não têm capacidade para isso. Primeiro, repito, eles precisavam de se salvar e isso demora muito mais tempo do que chegar a acordo para marcar eleições, o valor limite do défice e a redução a prazo da dívida pública. É mesmo mais difícil do que fazer uma reforma do Estado sensata e inteligente.
Os partidos convocados por Cavaco Silva, os partidos que se intitulam a si próprios “partidos do arco da governação” são, na verdade, os partidos do sistema que nos levou até aqui, à beira da perdição.
A missão destes partidos, independentemente das lutas internas e das tricas que os separam, não é a “salvação nacional” é, lamento constatar, a “salvação do sistema”, a salvação dos seus vícios. Pode até ser que, para isso, assinem um acordo e melhorem as contas do Estado, mas, no final, acho com tristeza, a nação não ficará salva.
Pedro Tadeu, ODiário.info
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